sábado, 20 de novembro de 2010

Alunos estão sem aulas há 8 meses em colégio estadual


Antonio

Eu assisti esta reportagem no SE TV, obtive o vídeo no site do jornal e pensei em publicar aqui. A princípio, hesitei, um pouco pela falta de tempo em transcrever a notícia, mas depois de ler esta notícia no Folha de São Paulo, que denuncia algo parecido no Estado de São Paulo, decidi compartilhar da angústia dos alunos paulistas, mostrando-os que isso ocorre também em Sergipe. A reportagem do SE TV segue transcrita mais abaixo.

A parte que mais me chamou a atenção foi a parte em que a mãe relata que a coordenação disse para ela não se preocupar, que o filho dela seria passado de ano, e ela responde: "como? Sem ter visto nenhum assunto?" Isso demonstra claramente a preocupação da educação pública neste país: formar estatísticas, quantidade, e não educação, qualidade de ensino.

Isso tudo me lembra de um outdoor lançado em 2002, durante a campanha para reeleição do então governador João Alves Filho: o outdoor dizia "75% de aprovação nas escolas públicas de Sergipe". De fato, seria uma vitória, se a média nas escolas públicas sergipanas não fosse 5. Com uma média dessas, a aprovação deveria ser, pelo menos na minha opinião, de 100%! Uma nota 5, quando o aluno poderia tirar entre 0 e 10, demonstra que ele obteve desempenho igual a 50% do esperado pelos professores.

Você não concorda com isso? Faça o seguinte então: determine agora que 50% será a meta da sua vida, faça tudo pela metade. Apresente um rendimento de 50% no seu trabalho, por exemplo. Certamente, seu patrão não vai querer você muito tempo na empresa dele.

Já que a educação pública gosta tanto de estatísticas, permitam-me mostrar uma: no PISA (sigla, em inglês, para Programa Internacional de Avaliação de Alunos), avaliação internacional aplicada em 2006 em 56 países para aferir-lhes a educação, o Brasil teve um desempenho lamentável. Na prova de matemática, numa escala que vai de um até seis, 73% dos brasileiros estão situados no nível um ou abaixo disso, o que colocou os alunos brasileiros na 53ª posição nessa prova. Em ciências, 61% tiveram desempenho que os colocam abaixo ou somente no nível um. Em leitura (nessa prova a escala vai até cinco), o Brasil ficou na 48ª posição, com 56% dos jovens apenas no nível um ou abaixo dele. Mais estatísticas sobre o PISA você pode conferir nesta notícia da Folha de São Paulo.

Ficam as perguntas no ar: como está o aproveitamento escolar desses 75% aprovados? O que é considerado excelência para a educação brasileira?

Um abraço a todos e até a próxima,

Vinícius


Alunos estão sem aulas há 8 meses em colégio estadual


Uma triste situação: alunos de uma escola da rede estadual estão há 8 meses sem aulas em várias disciplinas por falta de professores.

Reportagem transmitida no jornal SE TV 1ª Edição do dia 11 de novembro de 2010, transcrita por Antônio Vinícius.

Localizada no conjunto Dom Pedro, no bairro José Conrado de Araújo, a Escola Estadual Monsenhor Carlos Carmélio Costa funciona nos três turnos e atende a mais de 600 alunos, mas, segundo as mães, os estudantes do ensino fundamental estão sem aula há 8 meses.

– Está acontecendo isso desde o início do ano letivo. – relata Fátima Souza, dona de casa – Não tem professor pra ensinar e ninguém toma uma atitude nem faz nada.

Por causa da falta de professores, os estudantes passam a manhã no pátio da escola, uma situação que preocupa as mães.

– A diretora disse pra eles "não se preocupem, que a gente vai passar vocês de ano". Mas vai passar como, se os meninos não têm o estudo, né? Não estão ensinando nada às crianças. As crianças estão aí sem nada. Eles vão passar um trabalhozinho e eles vão aprender o quê? – reclama Silvânia Santos.

– Como é que pode? Vai perder o ano todinho do menino, vai ser prejudicado. Por causa de quê? De professor! – reclama Auxiliadora Gomes.

Sem aula, Iaverlane resolveu levar o filho de volta pra casa:

– Tá sem aula, eu estou levando meu filho de volta pra casa, porque não tem professor, quer dizer, vem todo dia pra cá e 8 horas, 8 e 20 o menino está voltando pra casa porque não tem professor. É difícil, viu? Educação está uma negação!

A nossa equipe de reportagem não teve acesso ao interior da escola, que entregou um comunicado.

A diretora da escola Carmélio Costa não quis gravar entrevista, mas confirmou que a falta de professores ocorre desde o início do período letivo, em março deste ano. Ainda faltam professores para algumas turmas, nas disciplinas de Geografia, Ciências, História, Português, Redação, Sociedade e Cultura.

A acessoria da Secretaria de Estado da Educação disse que o problema, que já se arrasta há 8 meses, deverá ser resolvido dentro de 15 dias com a chegada de novos professores para as disciplinas que faltam. Informou ainda que a escola vai fazer um planejamento para repor as aulas perdidas.

“Mas como repor no mesmo ano 8 meses de aulas perdidas?” A resposta: a reposição será no período das férias escolares, e os alunos vão ser, mais uma vez, penalizados.

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